Foi um Carnaval bem vivido. E bem comido. Belo Horizonte é uma cidade que trata bem as almas e estômagos. Comida mineira é comida que abraça, que aquece, que te faz sentir querido. E não tem nada a ver com os restaurantes mineiros fora de Minas, com comida pesada, um monte de bistecas gordurosas e torresmos cenográficos de isopor. Comida mineira tem verdurinha, bananinha, leguminho, tudo feito com capricho. E tudo no diminutivo, para combinar com o jeitinho doce e gentil do mineiro: linguicinha, costelinha, ovinho, mexidinho, canjiquinha. E como mineiro come também o final das palavras, fica ovim, mexidim, queijim, cafezim, docim. Mas a comida mineira não tem nada de pequena. São grandes sabores intensos e equilibrados. Tem torresminho suculento e macio com molho de mexerica, tem liguiça com couve fininha, tem fígado com jiló, tem frango com quiabo e lombinho com chuchu. Tudo maravilhoso, mas sem pompa e sem alarde, como a boa comida deve ser. Porque mineiro come quieto, e come bem.
Mineiro gosta de comida. E comida boa não tem hora, nem lugar. É por isso que nas madrugadas, ou no bloquinho carnavalesco, zanzando pelas ruas de máscara e purpurina, de repente você está com um prato de feijão tropeiro na mão, num momento em que jamais pensaria em comer algo assim. É o espírito de mãe mineira superprotetora que cuida de você no meio da farra com um pratinho de comida aconchegante. A cidade parece falar a todo momento “come alguma coisa direito”, “toma um cafezinho com pão de queijo, benzinho”. Depois, pode continuar nos bares, cervejas, cachaças e andanças.
Viagem deliciosa, em todos os sentidos. Comida e gente que deixam saudades. Chego em São Paulo com os pés cansados de tanto pular, a mala cheia de queijos, restos de fantasia e confete. E vontade de voltar.